Roupa Nova realiza show em Santa Maria neste domingo; confira entrevista com o vocalista Fábio Nestares

Mirella Joels

Roupa Nova realiza show em Santa Maria neste domingo; confira entrevista com o vocalista Fábio Nestares
Foto: Giu Pera

Com mais de 40 anos de trajetória, o grupo Roupa Nova coleciona números que impressionam: são 35 músicas temas de novela, 38 discos lançados e mais de 20 milhões de cópias vendidas. Neste domingo, 4 de dezembro, o grupo leva as quatro décadas de história para o palco do Avenida Tênis Clube (ATC) em Santa Maria. Os ingressos custam entre R$ 46 (pista meia-entrada) e R$ 1840 (mesa gold, para quatro pessoas) e estão disponíveis no site minhaentrada.com.br. 

Considerados donos de um dos melhores shows nacionais e de hits como “Dona”, “Whisky a Go-Go”, “Volta Pra Mim”, “Seguindo no Trem Azul”, “A Viagem” e muitos outros, o Roupa Nova atrai diversas gerações para as apresentações. E depois de muitos anos subindo aos palcos com os integrantes Cleberson Horsth, Ricardo Feghali, Kiko, Nando, Paulinho (in memoriam) e Serginho Herval, a banda ganhou o sétimo Roupa Nova, Fábio Nestares, que assume os vocais ao lado dos demais integrantes.

O Diário conversou com o cantor Fábio Nestares sobre a trajetória musical dele, o novo desafio no grupo e a participação no talent show Fama, da Rede Globo. Além, é claro, da amizade com Paulinho, integrante do Roupa Nova que faleceu em 2020.

Diário – Como tem sido a experiência de sair em turnê, ainda mais como um membro mais recente do grupo?

Fábio Nestares – É uma mistura de honra, prazer, satisfação profissional de estar junto deles e, por outro lado, é um grande desafio. Em duas partes: uma por estar ocupando o espaço de um cara maravilhoso que era meu ídolo, amigo e ídolo de milhões de pessoas. É muito difícil você ocupar um lugar assim. É essa mistura da perda do amigo, do ídolo e, ao mesmo tempo, uma honra de estar com o Roupa Nova. A perda dele foi muito muito difícil para todo mundo. Eu, particularmente, acompanhei muito de perto, três dias antes dele falecer. A esposa dele fez uma vídeo-chamada comigo e pediu para conversar com ele, que estava escutando, apesar do coma induzido. Eu, emocionado, falei “Paulinho, volta, cara. O Brasil precisa de você!”. Hoje, eu vejo esse momento como uma despedida sem saber ainda na hora. 

Diário – Como era a relação de vocês? Quando começou essa amizade com o Roupa Nova e o Paulinho?

Fábio Nestares – Começou em 2002, quando eu estava gravando um CD pela Universal Music. O produtor do meu disco foi o Ricardo Feghali (guitarrista, tecladista e um dos vocalistas do Roupa Nova). Fiquei 4 meses indo para o Rio de Janeiro, no estúdio dele, gravando. Foi ali que comecei a cultivar a amizade com eles, e eu já era muito fã da banda desde os 11 anos. Eles gravaram o meu disco com algumas participações de outros músicos, mas 90% foi o Roupa Nova que tocou. De lá pra cá, a gente continuou a amizade. Quando eles vinham para São Paulo, eu ia aos shows. Eu e Paulinho nos aproximamos bastante. Ele me ligava: “Nestares, o que você tá fazendo hoje?”, e eu dizia: “Vou na casa dos meus pais fazer um churrasco, vamos?”. Eu convidava e ele ia junto. Era meu amigo e amigo da minha família. Já até viajei para passar o Carnaval com ele e a família em Búzios. A minha amizade com todos eles sempre foi sincera e bacana.

Em 2015, eu fiz a primeira substituição do Paulinho na banda. Foi uma mini turnê de cinco shows diretos. De lá para cá, eu fiz mais de 40 shows substituindo ele. Já tínhamos uma amizade muito forte. Em 2015, ele estava completamente sem voz. Ele pegou uma faringite, algo assim, perdeu a voz e eu substituí. Depois, ele operou uma hérnia e tava tendo perda de voz algumas vezes. Dois anos antes de eu entrar na banda, quando ele me contou que estava com câncer, eu e minha família ficamos muito abalados. Durante o período de quimioterapia, teve mais assiduidade de substituição. 

Diário – Você participou do programa Fama, da Rede Globo, em 2002. O que isso significou para você? 

Fábio Nestares – Eu estava com 30 anos e, desde os 11, quando eu tocava na minha primeira bandinha, eu tinha o sonho de ter uma carreira. A partir dos 18, eu comecei a tocar em barzinhos e quando eu fiz 30 anos, eu já tinha passado por muitas coisas. Eu já tinha gravado um CD, tinha divulgado, tinha feito viagens, sempre naquela tentativa e não conseguindo nada expressivo. Surgiu o programa e eu decidi participar. Uma coisa que eu detesto são competições, eu não suporto, mas pensei: “vou me superar nisso”, e eu participei. O programa atingiu todas as expectativas do que eles queriam fazer. Foi perfeito, mas eu, particularmente, não faria de novo jamais. Quando eu saí do programa, eu não me arrependi, mas foi uma experiência que eu não gostei, pessoalmente. A partir daí eu fiz esse disco que foi gravado pelo Roupa Nova e continuei minha vida.

Entrei numa banda de baile, onde fiquei anos. Depois, quando saí da banda, o Gel Fernandes me chamou para entrar no Rádio Táxi. Eu já estava completamente desgostoso da minha carreira, já tinha meio que jogado a toalha, amas aceitei. Sabia que eles ainda faziam poucos shows, estavam naquela tentativa de retorno. Fiquei quase oito anos no Rádio Táxi, foi uma experiência muito bacana. Conheci muita gente, tocamos em muitos lugares, mas chegou nesse final e eu, cansado de tantas tentativas, acabei montando uma banda aqui em São Paulo, a Mr. Phoenix, que acabou sendo o meu xodó. Foi uma das coisas que eu mais gostei de fazer na vida antes de entrar no Roupa Nova. Uma das coisas que eu mais tive prazer na música foi a banda Mr. Phoenix. Tocávamos em barzinhos e bares conceituados em São Paulo. Conseguimos atingir um status muito bacana, viajamos e fizemos eventos corporativos. Mas eu já tinha desistido da minha carreira. Eu pensava “se acontecer alguma coisa com a  Mr. Phoenix, e vai acontecer, não vou correr atrás de nada”. Para mim, eu achava que iria viver tocando desse jeito para o resto da vida, que é uma coisa extremamente honrosa. Viver da noite é extremamente honroso e prazeroso também, ao contrário do que algumas pessoas podem pensar, que é um submundo ou uma sobrevida. Mas então aconteceu esse lance com o Paulinho, que culminou infelizmente na perda dele. E agora cá estou. Eu nunca esperava na minha vida ser cantor do Roupa Nova.

Diário – Quais as principais diferenças entre tocar na noite e sair em turnê? 

Fábio Nestares – É um mundo completamente diferente sair em turnê. Primeiro, porque nós somos cuidados por outras pessoas. Quando você está na noite tocando, você cuida de tudo, da sua agenda, sua roupa, instrumento, repertório, você que vai atrás de contratos para casas noturnas e eventos. Quando você entra num mundo como o do Roupa Nova, você se depara com algo completamente diferente, são equipes e mais equipes que cuidam de tudo. Você só tem a preocupação de estar no horário certo, de estar com tudo na ponta da língua e de se adaptar. No meu caso, eu ainda estou em adaptação ao Roupa Nova. Eles já estão juntos há 40 e tantos anos e, por mais que já tenha cantado com eles desde 2015, fazer parte da banda é ainda uma adaptação, desde a voz, até o comportamento. É uma nova realidade, mas é muito boa. Eu falo pra eles que me sinto constrangido por estar hoje usufruindo de tudo isso porque eu não colaborei para eles estarem aqui hoje. Minha colaboração está começando agora, mas não interfere, não vira uma nova história. A história deles já foi contada. Estou tentando fazer o melhor que posso para honrar o lugar do Paulinho e o Roupa Nova.

Diário – O Roupa Nova já fez vários shows no Rio Grande do Sul, inclusive em Passo Fundo recentemente. O que Santa Maria pode esperar do show de domingo?

Fábio Nestares – Eu sei que o Roupa Nova tem uma história muito bonita com o Sul do país. É sempre uma expectativa boa. Vamos subir no palco em Santa Maria e a população vai assistir a um espetáculo digno de 40 anos, ouvindo quase todos os sucessos, porque é difícil no show cantar todos, são 53 sucessos. Mas os mais conhecidos estarão lá e, com certeza, o público vai gostar muito. No final, temos uma surpresa que é um medley que a gente faz de filmes. É muito emocionante, muito bonito mesmo. De antemão, já quero agradecer quem comprou os ingressos, sei que já estão quase esgotados. Vamos abraçar Santa Maria com todo o carinho que o Roupa Nova sempre tem. Vamos todos nos divertir, com toda a certeza.

Agende-se

O quê? – Show do Roupa Nova em Santa Maria

Quando – 4 de dezembro, domingo, a partir das 18h

Onde – Avenida Tênis Clube

Quanto – R$ 46 (pista meia-entrada) até R$ 1840 (mesa gold, para quatro pessoas), ingressos disponíveis no site minhaentrada.com.br

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